Crescer na fé:
o desafio de todo o missionário
Era Domingo, o
calor abrasador e os valores de humidade ultrapassavam já os 80%! A Márcia e eu
fomos a M’Baiki, ao centro diocesano de formação. Aí estavam alguns dos nossos
professores em formação que deveriam regressar a Mongoumba.
Chegamos e
participamos a sessão de encerramento da formação. Esta ainda não tinha
terminado quando o céu começou a escurecer e o vento a soprar com violência.
Tentamos
apressar o regresso mas, nada a fazer. A chuva batia com força contra os vidros
do carro. Que fazer? No dia seguinte uma nova formação começava em Mongoumba e
nós precisávamos de estar presentes. Não dava para esperar a chuva pois o bac
para atravessar o rio fecha às 17 horas. Há que tentar meter-se à estrada confiando
a viagem nas mãos de Deus.
Metemos as
quatro-por-quatro e lá avançamos numa marcha entre os 15 e os 20 km/hora. Pouco
mais que a 2km do centro de formação, encontramos uma barreira. É uma barreira
que está na estrada exactamente para impedir que os veículos (sobretudo os
camiões) circulem quando chove para evitar assim de estragar (ainda mais) a
estrada.
O guarda da
barreira veio falar comigo.
- “Ó irmã, não
pode conduzir com a chuva!”
- “Eu sei” –
disse-lhe eu – “mas o senhor vai ser simpático e vai-me deixar passar. Sabe bem
que não são carros como o meu que estragam a estrada”.
- “Ai não sei”
– continuou ele – “ordens são ordens”.
Sem me dar por
vencida, continuei a argumentar:
- “Já viu que
se eu ficar aqui não chegarei a tempo para atravessar o rio? Não está bem que
eu não durma em casa. Ande
lá!”
- “Pois… se a
irmã ao menos pagasse o café à gente…”
Fazendo-me de
desentendida, continuei:
- “Café? Eu
aqui não tenho café! Mas olhe lá, já conhece a Márcia?” – ele olhou para dentro
do carro e acenou que não com a cabeça. “Ela” – continuei eu – “é a minha nova
colega e veja lá, é a primeira vês que alguém vai pará-la na barreira e ela
terá de dormir na rua! Sabe como é, esta gente nova não está habituada a isto e
a pobre está aqui está a chorar.”
A Márcia, numa
boa interpretação do papel de menina desprotegida comoveu o homem que nos
deixou continuar a viagem.
Lá seguimos
sempre com todos os cuidados. A terra batida debaixo do carro parecia mais
areia movediça. A um certo momento, o carro desliza e lentamente lá conseguimos
parar já fora da faixa de rodagem. Entregando-nos nas mãos de Deus seguimos
viagem agora numa média de 15km/hora. Foram os 80km de estrada mais longos que
fizemos!
Chegamos ao bac
às 17 horas em ponto.
Debaixo de chuva atravessamos o rio e, com a graça de Deus
chegamos a casa.
À noite, só a
palavra “obrigada” conseguiu ser a nossa oração.
Em cada dia,
seja a natureza ou a cultura em que estamos inseridos, conhecemos os nossos
limites e experimentamos a graça da Providência Divina.
Dificuldades?
Sempre! Mas a fé que nos alimenta não nos faz perder a esperança. Não vivemos a
missão por nós mesmos mas por Aquele que aqui nos enviou e envia em cada novo
dia.
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