quarta-feira, 3 de abril de 2013

Aventuras na Floresta


Uma noite no coração da floresta

     Eram meados de agosto de 2007, tinha eu acabado de chegar de Bangui com a Cármen (fomos ao casamento da Rosa e buscar uma LMC espanhola que veio cá passar um mês) e que pensamos? Bom, como a Cármen deve regressar a Espanha e aproveitando a presença da Cristina, fomos até à floresta (ao acampamento do pequeno David) para que a Cármen se despedisse do David e da família e para aproveitar para apanhar “makongo” (uma espécie de lagarta que por esta altura sai das árvores e que é muito rica em proteínas).
      
Assim, lá fomos nós rumo à floresta! Quando finalmente chegamos, logo nos instalamos e foi preparada a nossa “cama” pois a noite estava quase a chegar.
     Tiramos algumas fotos, brincamos com o makongo que eles haviam recolhido nesse dia e depois toca a preparar tudo para comer.
     Depois de comermos, não tendo outra coisa para fazer, ficamos deslumbradas com a descoberta de uma pedra do rio que funciona como acendalha e, claro, queimamos umas tantas só pelo prazer de ver uma pedra a arder. No meio disto, um “pequeno” bicharoco, parecido com uma barata gigante (mais ou menos 10cm por 5cm), quis experimentar o meu colo. Todos os que estavam ao meu redor ajudaram-me a gritar e lá nos livramos do nosso amiguinho!
     Depois de procurarmos uma boa “casa de banho”, lá fomos para a nossa “casa”.
    Com apenas duas “paredes” e o telhado (tudo feito com folhas de bananeira e canas de bambú), a nossa casa oferecia-nos uma reconfortante cama feita de ramos de árvores. Assim, apenas com duas esteiras que tínhamos levado, lá nos deitamos, tentando repousar-nos dos quilómetros que havíamos feito para aí chegar. Claro que sempre que alguma de nós se virava na cama todas as outras acordavam porque todos os paus que tínhamos por baixo do corpo se moviam.
     Estava eu em pleno sono e acordo com a Cristina que dizia: “Faltará muito para nascer o dia? Já não posso mais com esta cama!” claro que também a Cármen acordou e pusemo-nos a supor que hora seria. Mas a Cristina estava mesmo cansada das comodidades da nossa caminha, por isso, acendeu a lanterna para ver que eram 4h30. Bom, lá voltamos a dormir até às 6 da manhã. E… surpresa: a chuva caía que dava gosto ver! Ou seja, não havia possibilidade de ir procurar makongo, por isso, tínhamos que pensar em regressar (mesmo se chovia) porque tínhamos a festa da Assunção para preparar. Assim sendo, aproveitamos que alguém vinha para Mongoumba e lá nos metemos ao caminho.
     
O caminho parecia um pântano e eu lá me ia abrigando com uma esteira e tentando não escorregar. Sobre as nossas cabeças, os relâmpagos pareciam o flash de uma máquina fotográfica, como se o Céu se divertisse a ver-nos todas ensopadas. Então disse à Cristina: “Pena que não há ninguém para fazer uma foto!” e ela, como todo o visitante que não resiste a uma boa foto para mais tarde recordar, lá tirou a máquina e fez algumas fotos.
     Pois assim chegamos a Mongoumba e, claro, como estávamos super cansadas e molhadas até aos ossos… lá nos secamos à pressa porque o nosso enfermeiro, por causa da chuva, não tinha vindo e nós tínhamos o dispensário com gente e alguém a precisar de nós no hospital. Dividimo-nos como podemos e… eis que chegam 10 cooperantes de uma ONG!
     Não havia nada para comer e a casa estava um caos; felizmente, os nossos visitantes tinham trazido bastantes coisas para comer e assim, entre a cozinha, o dispensário e o hospital, lá conseguimos “bem” receber os nossos visitantes! Comemos e visto que, depois de comer que todos saíram para um passeio de canoa (a chuva parou de cair), aproveitei para escrecer as aventuras destas minhas últimas 24 horas!