Uma noite no coração da floresta
Eram meados de agosto de 2007, tinha eu acabado de chegar de
Bangui com a Cármen (fomos ao casamento da Rosa e buscar uma LMC espanhola que
veio cá passar um mês) e que pensamos? Bom, como a Cármen deve regressar a
Espanha e aproveitando a presença da Cristina, fomos até à floresta (ao
acampamento do pequeno David) para que a Cármen se despedisse do David e da
família e para aproveitar para apanhar “makongo” (uma espécie de lagarta que
por esta altura sai das árvores e que é muito rica em proteínas).
Tiramos algumas fotos, brincamos
com o makongo que eles haviam recolhido nesse dia e depois toca a preparar tudo
para comer.
Depois de comermos, não tendo
outra coisa para fazer, ficamos deslumbradas com a descoberta de uma pedra do
rio que funciona como acendalha e, claro, queimamos umas tantas só pelo prazer
de ver uma pedra a arder. No meio disto, um “pequeno” bicharoco, parecido com
uma barata gigante (mais ou menos 10cm por 5cm), quis experimentar o meu colo.
Todos os que estavam ao meu redor ajudaram-me a gritar e lá nos livramos do
nosso amiguinho!
Depois de procurarmos uma boa
“casa de banho”, lá fomos para a nossa “casa”.
Com apenas duas “paredes” e o
telhado (tudo feito com folhas de bananeira e canas de bambú), a nossa casa
oferecia-nos uma reconfortante cama feita de ramos de árvores. Assim, apenas
com duas esteiras que tínhamos levado, lá nos deitamos, tentando repousar-nos
dos quilómetros que havíamos feito para aí chegar. Claro que sempre que alguma
de nós se virava na cama todas as outras acordavam porque todos os paus que
tínhamos por baixo do corpo se moviam.
Estava eu em pleno sono e acordo
com a Cristina que dizia: “Faltará muito para nascer o dia? Já não posso mais
com esta cama!” claro que também a Cármen acordou e pusemo-nos a supor que hora
seria. Mas a Cristina estava mesmo cansada das comodidades da nossa caminha,
por isso, acendeu a lanterna para ver que eram 4h30. Bom, lá voltamos a dormir
até às 6 da manhã. E… surpresa: a chuva caía que dava gosto ver! Ou seja, não
havia possibilidade de ir procurar makongo, por isso, tínhamos que pensar em
regressar (mesmo se chovia) porque tínhamos a festa da Assunção para preparar.
Assim sendo, aproveitamos que alguém vinha para Mongoumba e lá nos metemos ao
caminho.
Pois assim chegamos a Mongoumba
e, claro, como estávamos super cansadas e molhadas até aos ossos… lá nos
secamos à pressa porque o nosso enfermeiro, por causa da chuva, não tinha vindo
e nós tínhamos o dispensário com gente e alguém a precisar de nós no hospital.
Dividimo-nos como podemos e… eis que chegam 10 cooperantes de uma ONG!
Não havia nada para comer e a
casa estava um caos; felizmente, os nossos visitantes tinham trazido bastantes
coisas para comer e assim, entre a cozinha, o dispensário e o hospital, lá
conseguimos “bem” receber os nossos visitantes! Comemos e visto que, depois de comer que
todos saíram para um passeio de canoa (a chuva parou de cair), aproveitei para escrecer as aventuras destas minhas últimas 24 horas!