segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Tudo em família


A Família Comboniana
ao serviço da Promoção Humana

O encontro estava marcado para aquela Terça-feira às três da tarde. O Sol era abrasador mas as cadeiras metidas à sombra das casas era o suficiente para que a nossa espera se torna-se mais agradável.
Naquela tarde, a nossa comunidade LMC com a comunidade de combonianos aqui presente, partimos para um dos bairros da aldeia para tentar recomeçar a trabalhar com esta Comunidade Eclesial de Base (CEB) que estava parada já há mais de 5 anos.
Esta comunidade, “apadrinhada” por S. Kizito, tem mais de 150 cristãos. Aqui, tentamos, com eles, ler a realidade a partir da Palavra de Deus.
Nesta tarde, poucos foram os que apareceram ao encontro mas isso não impediu a boa disposição de todos que, ora com a Márcia ora com o P. Jesús, iam deliciando-se com as fotografias que íamos fazendo.
Às quatro da tarde, éramos apenas uns vinte a estar presentes. Que fazer? Esperamos mais uma meia hora e, como ninguém mais se aproximava, rezamos juntos pedindo ajuda para esta CEB e para a Paróquia.
Nesta Terça-feira, não podemos eleger os líderes desta comunidade mas conseguimos, com os poucos presentes, descobrir dificuldades e soluções para o seguimento deste projecto pastoral.
Nesta comunidade, vive a família de um dos padres locais. A mãe – Carlota – apesar da idade e de viver sozinha há vários anos (o filho padre é o único que continua vivo), continua a ser um exemplo de força e de fé sobretudo no grupo de Legião de Maria aqui da Paróquia. É também ela que ajuda o seu irmão – Francisco – mais velho que ela e que, desde tenra idade ficou cego e paralítico após uma vacina mal dada…
Este velho, na sua cadeira de rodas e com todas as suas limitações, é catequista e um dos grandes animadores da liturgia. Só ele para saber de cor todas as leituras da missa e, claro, toda a história da Paróquia.
Assim, com estes “arquivos” vivos da história paroquial, esta tarde quente de Terça-feira tornou-se mais do que uma simples espera (por quem nunca chegou), ao contrário, tornou-se num convívio fraterno onde as lembranças do passado se misturavam com a vida actual.
O desafio está lançado e esta comunidade, com o Senhor Francisco e a Senhora Carlota, tem a oportunidade de recomeçar em favor de um desenvolvimento que caminhe de acordo com as páginas do Evangelho – um desenvolvimento que seja para todos independentemente da idade, raça ou condição física.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A porta da Fé? A Esperança e o Amor!


A fé: A força que nos move!


É um bocado difícil de prever o que acontecia às tantas crianças pigmeias de Kpetene se não houvesse uma escola no centro do acampamento. Na verdade, criamos esta escola a 5km da aldeia, em plena floresta, pois, todos os anos, estas crianças que aqui vivem, ao tentarem chegar à escola da aldeia eram desviadas para trabalhar os campos dos não-pigmeus. Estas crianças, de 5 a 7 anos, eram demasiado pequenas para se escaparem às mãos dos adultos e prosseguirem caminho. Assim, há três anos que esta escola oferece os dois primeiros anos de escolaridade.
Um dos problemas com que nos deparávamos era que, dada a humidade da floresta, o quadro da escola deteriorava-se muito depressa… que fazer? A escola nem sequer tinha muros para uma maior protecção!
Animamos os pais a construírem um muro que protegesse o quadro…
Uma manhã, como tantas outras manhãs, a Augusta partiu a Kpetene para visitar a escola e, qual não foi o seu espanto: um muro tinha sido feito quase até ao teto!
Que alegria! Sem pensar duas vezes, a Augusta foi partilhar a sua alegria e entusiasmo com os pais e alunos desta escola e claro no seu regresso, com ela vieram uns dez alunos que, com alegria, preparavam-se para regressar com o novo quadro da escola que, desde há alguns meses, os esperava na Missão.
A Augusta ia-lhes dando alguns conselhos pelo caminho e encorajando-os a continuar a construir a escola com os meios que eles tinham na floresta.
Quando chegaram, a Augusta bebeu e deu a beber aos garotos um pouco de água fresca e deu-lhes o quadro com todas as recomendações que se devem fazer a crianças que levam um quadro escolar para o meio da floresta densa!
Actualmente continuamos a animá-los a continuar o muro da escola e um novo grande quadro espera na Missão para ser levado para Kpetene logo que as condições para a sua instalação estejam reunidas. Agora, incentivamos pais e alunos a arranjarem também novos bancos e mesas (de acordo às possibilidades existentes na floresta).
Esta escola é, para nós e para os que aqui estudam, uma fonte de esperança que não nos deixa baixar os braços, ao contrário, mesmo se foram precisos dois anos para levantar um muro, acreditamos que o tempo será também, com a ajuda de Deus, o necessário para levantar o orgulho deste povo face à descriminação dos demais.
Em cada dia, constatamos que viver a Missão não é uma questão de coragem mas uma questão de fé – a fé que porta e mantém acesa a chama da esperança!