Ser LMC? Porque não?
A Lídia é uma nossa amiga
pigmeia que vem de tempos a tempos à missão.
Um Domingo, chegando a
nossa casa disse que vinha à missa mas que depois queria falar comigo.
Pensei com os meus botões
que ela tinha vindo para pedir alguma coisa. Com efeito, a seguir à missa,
pediu-me que a acompanha-se à floresta pois queria mostrar-me duas situações
complicadas. Uma mulher – Teresa – que, estando cega e sem filhos, não tinha
quem cuida-se dela. E um homem – Ambrósio – um velho leproso também sem filhos.
Chamei a Márcia e lá fomos
as duas com a Lídia e com o Gabriel – um amigo do mesmo acampamento dela – que
entretanto se juntou a nós.
No caminho, encontramos a
velha Teresa que partilhou connosco a sua solidão e a sua tristeza. Continuamos
o caminho e nos pequenos acampamentos que íamos encontrando, parávamos a saudar
as pessoas e a dar boas gargalhadas com os amigos.
Chegando ao acampamento da
Lídia, encontramos o senhor Ambrósio. Os restantes habitantes do acampamento
tinham-lhe refeito a casa mas ele temia que eles não tivessem a força
necessária para continuarem a sustentá-lo.
Encorajamos o pobre mesmo
sem grandes soluções a apresentar.
Continuamos pelo
acampamento e porque, neste acampamento, é como se estivéssemos em casa,
andamos de casa em casa a falar com todos os que íamos encontrando. Claro está
que passamos mais tempo na casa da Lídia e na casa do Gabriel onde, no meio de
conversas bem animadas íamos programando umas férias aqui no acampamento.
De regresso, aproveitando
a beleza única da floresta, fomos parando nos diferentes acampamentos pigmeus e
provando novos frutos que nunca tínhamos provado (pois, são frutos selvagens e,
por isso mesmo, segundo a tradição, são muito reles para serem oferecidos aos
brancos).
Quando chegamos ao caminho
principal (a uns 3km de casa), a Lídia e o Gabriel regressaram ao acampamento e
a Márcia e eu continuamos o caminho de regresso a casa.
Pelo caminho, as crianças
vinham gritando com alegria nos cumprimentar e, claro está, os mais pequeninos
iam chorando a fugir dos “fantasmas brancos” que se aproximavam.
O sol começava a
esconder-se mas a alegria e a vida que encontrávamos ao longo do caminho nem
por isso diminuíam.
Chegando a Mongoumba, a
agitação da aldeia era visível: o mercado da noite tinha acabado de abrir e
nós, longe de estarmos cansadas, lá continuamos mais um pouco até encontrarmos
um bom peixinho bem picante para comermos enquanto íamos nos passeando pelos
bairros.
Quando caiu a noite,
estávamos a entrar em casa. Que Domingo
bem passado! Quanta alegria que encontramos mas também quanta preocupação em
relação à Senhora Teresa e ao Senhor Ambrósio. Rezamos a Deus agradecendo o dia
e pedindo ajuda para melhor conseguirmos ajudar estes dois velhinhos sem criar
novas dependências.
Duas semanas depois, a
nossa Teresa foi acolhida por uma família pigmeia e o Senhor Ambrósio continua
a ser cuidado pelos pigmeus do seu acampamento. Quanto a nós, vamos, sempre que
possível, visitar os dois e, tentamos em cada Domingo , enviar
alguma comida para ajudar a Lídia e o Gabriel e ajudarem estes dois sábios da
tribo.
Em cada dia, damos graças
a Deus pelo dom da vida e pela vocação e Missão a que nos chamou. Em cada dia,
com alegria, confirmamos que sem ELE «nada podemos fazer»!
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