Ao serviço do Evangelho
Naquela manhã de Quinta-feira,
posemo-nos ao caminho rumo a Bassin. Um acampamento de pigmeus a 3km de casa.
Não se tratava de uma visita “profissional” ou do acompanhamento das
actividades que levamos a cabo nesta zona. Ao contrário, era uma visita aos
amigos!
Como íamos a pé, ao longo do
caminho, as crianças vinham a correr saudar-nos e os adultos sempre nos faziam
parar a marcha para pôr a conversa em dia. De tempos a tempos, lá surgia alguma criança
que, não estando habituada aos brancos, fugia de nós a chorar como se estivesse
a ver um fantasma. Este pequeno “trauma” para a criança, tornava-se origem de
gargalhadas bem animadas em todo o bairro.
Quando chegamos ao nosso destino,
o acampamento encontrava-se praticamente vazio. Todos tinham partido ao
interior da floresta para apanhar as larvas das árvores. Na verdade, esta é a
época de as apanhar e de fazer um bom comércio ou se deliciar com o petisco. No
entanto, encontramos uma família que ainda estava nos últimos preparativos para
a partida.
Lá passamos um bom bocado na
conversa e entre risos e algumas fotos lá fomos percebendo as dificuldades com
que os pigmeus se batem sempre que abandonam o acampamento nesta altura: têm de
transportar tudo quanto possuem (ainda que não tenham praticamente nada)
encontrar meios para conseguirem levar para a floresta um pouco de sal e algum
saco para trazerem as larvas.
É preocupante esta época, na
verdade, quando regressam da floresta, vêm bastantes doentes e, esta altura que
deveria ser de grande abundância e alegria torna-se num momento de dor e de
perda.
Aproveitamos, pois, esta ocasião,
para sensibilizar para a saúde, mas também para aconselhar para serem prudentes
no momento de venderem as larvas (normalmente, os não-pigmeus tentam roubá-los
ou pagar muito pouco por este petisco).
Assim, passando pela escola e
fazendo ainda mais algumas fotos, regressamos a casa.
No regresso, as pessoas que nos
tinham visto à ida, praticamente esperavam a nossa volta.
Sempre por meio de saudações,
quase a chegar a casa, uma das responsáveis pela iniciação à catequese na nossa
paróquia, parou-nos e, sempre bem-disposta, ia-nos pedindo ajuda e dando ideias
para o trabalho pastoral que realiza. Aproveitou também para partilhar-nos os
problemas familiares que estava a viver, (a filha grávida sem marido, o seu
marido que tinha arranjado outra mulher, etc), pedia-nos para rezar.
A nossa manhã chegava ao fim mas a alegria e a esperança que vivemos e
partilhamos ao longo deste passeio matinal, fez-nos reflectir sobre a nossa
acção nesta terra de missão, sobre o que fazemos e o que somos. Na verdade,
este passeio a pé, tornou-se ponto de encontro e de partilha de alegrias e
preocupações. Nesta caminhada não levamos nada (nem alforge nem cajado), mas
Deus proporcionou-nos momentos em que podemos dar aquilo que somos: a nossa
Esperança e os nossos limites. Não podemos fazer milagres? Talvez! Mas estes
foram, sem dúvida, momentos privilegiados em que podemos anunciar a Boa Nova aos pobres e aos prisioneiros a liberdade!
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