quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Gargalhadas na floresta


Ao serviço do Evangelho

Naquela manhã de Quinta-feira, posemo-nos ao caminho rumo a Bassin. Um acampamento de pigmeus a 3km de casa. Não se tratava de uma visita “profissional” ou do acompanhamento das actividades que levamos a cabo nesta zona. Ao contrário, era uma visita aos amigos!
Como íamos a pé, ao longo do caminho, as crianças vinham a correr saudar-nos e os adultos sempre nos faziam parar a marcha para pôr a conversa em dia. De tempos a tempos, lá surgia alguma criança que, não estando habituada aos brancos, fugia de nós a chorar como se estivesse a ver um fantasma. Este pequeno “trauma” para a criança, tornava-se origem de gargalhadas bem animadas em todo o bairro.

Quando chegamos ao nosso destino, o acampamento encontrava-se praticamente vazio. Todos tinham partido ao interior da floresta para apanhar as larvas das árvores. Na verdade, esta é a época de as apanhar e de fazer um bom comércio ou se deliciar com o petisco. No entanto, encontramos uma família que ainda estava nos últimos preparativos para a partida.
Lá passamos um bom bocado na conversa e entre risos e algumas fotos lá fomos percebendo as dificuldades com que os pigmeus se batem sempre que abandonam o acampamento nesta altura: têm de transportar tudo quanto possuem (ainda que não tenham praticamente nada) encontrar meios para conseguirem levar para a floresta um pouco de sal e algum saco para trazerem as larvas.
É preocupante esta época, na verdade, quando regressam da floresta, vêm bastantes doentes e, esta altura que deveria ser de grande abundância e alegria torna-se num momento de dor e de perda.
Aproveitamos, pois, esta ocasião, para sensibilizar para a saúde, mas também para aconselhar para serem prudentes no momento de venderem as larvas (normalmente, os não-pigmeus tentam roubá-los ou pagar muito pouco por este petisco).
Assim, passando pela escola e fazendo ainda mais algumas fotos, regressamos a casa.
No regresso, as pessoas que nos tinham visto à ida, praticamente esperavam a nossa volta.
Sempre por meio de saudações, quase a chegar a casa, uma das responsáveis pela iniciação à catequese na nossa paróquia, parou-nos e, sempre bem-disposta, ia-nos pedindo ajuda e dando ideias para o trabalho pastoral que realiza. Aproveitou também para partilhar-nos os problemas familiares que estava a viver, (a filha grávida sem marido, o seu marido que tinha arranjado outra mulher, etc), pedia-nos para rezar.
A nossa manhã chegava ao fim mas a alegria e a esperança que vivemos e partilhamos ao longo deste passeio matinal, fez-nos reflectir sobre a nossa acção nesta terra de missão, sobre o que fazemos e o que somos. Na verdade, este passeio a pé, tornou-se ponto de encontro e de partilha de alegrias e preocupações. Nesta caminhada não levamos nada (nem alforge nem cajado), mas Deus proporcionou-nos momentos em que podemos dar aquilo que somos: a nossa Esperança e os nossos limites. Não podemos fazer milagres? Talvez! Mas estes foram, sem dúvida, momentos privilegiados em que podemos anunciar a Boa Nova aos pobres e aos prisioneiros a liberdade!

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